segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Cambalache

Esse negocio aqui ta meio desatualizado, mas será por pouco tempo. Vamos organizar isso melhor. Eu vinha pensando em colocar uma musica do Raulzito aqui, eu estava em duvida, mas depois de ler algumas coisas hoje, eu decidi coloca-la.

"Que o mundo foi e será uma porcaria eu já sei
Em 506 e em 2000 também
Que sempre houve ladrões, maquiavélicos e safados
Contentes e frustrados, valores, confusão
Mas que o século xx é uma praga de maldade e lixo
Já não há quem negue
Vivemos atolados na lameira
E no mesmo lodo todos manuseados
Hoje em dia dá no mesmo ser direito que traidor
Ignorante, sábio, besta, pretensioso, afanador
Tudo é igual, nada é melhor
É o mesmo um burro que um bom professor
Sem diferir, é sim senhor
Tanto no norte ou como no sul
Se um vive na impostura e outro afana em sua
Ambição
Dá no mesmo que seja padre, carvoeiro, rei de paus
Cara dura ou senador
Que falta de respeito, que afronta pra razão
Qualquer um é senhor, qualquer um é ladrão
Misturam-se beethoven, ringo star e napoleão
Pio ix e d. joão, john lennon e san martin
Como igual na frente da vitrine
Esses bagunceiros se misturam à vida
Feridos por um sabre já sem ponta
Por chorar a bíblia junto ao aquecedor

Século xx "cambalache", problemático e febril
O que não chora não mama
Quem não rouba é um imbecil
Já não dá mais, força que dá
Que lá no inferno nos vamos encontrar
Não penses mais, senta-te ao lado
Que a ninguém mais importa se nasceste honrado

Se é o mesmo que trabalha noite e dia como um boi
Se é o que vive na fartura, se é o que mata, se é o
Que cura
Ou mesmo fora-da-lei"

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Obama eleito; a história, afinal, não acabou...

Em uma ironia final, o filósofo e economista nipo-americano Francis Fukuyama, autor da teoria neoconservadora do ''fim da história'', muito em voga nos anos 90, terminou, quem diria, votando em Barack Obama. Depois de se tornar um dos mais badalados neocons do país, e de colaborar com as administrações de Ronald Reagan a George W. Bush, Fukuyama anunciou seu voto na última quinta-feira (30).Ele argumentou que 'e ''difícil imaginar uma presidência mais desastrosa do que esta de George W. Bush''. Qualificou a Guerra do Iraque de ''desnecessária''; e taxou de ''altamente irresponsável'' a escolha de Sarah Palin para vice da chapa republicana. Já não se faz neoconservadores como dez ou vinte anos atrás.O poder de enquadramento do sistemaPoucos duvidam que se abriu nesta terça-feira uma página nova na história do país mais poderoso da atualidade. Que foi a eleição presidencial mais dramática, épica e importante pelo menos desde a de Franklin D. Rosevelt, em 1932. Quanto aos contornos e dimensões da mudança, ainda sobram interrogações. Fica o consolo de que em breve saberemos.Convém ser prudente. O sistema político americano, que ao longo de mais de um século tem sido a representação estatal do imperialismo americano, é mestre em enquadrar presidentes e fazê-los seguir o script que lhe convém. O inquilino da Casa Branca pode ser um cowboy canastrão de Hollywood (Ronald Reagan) ou um plantador de amendoim cheio de boas intenções sobre direitos humanos (Jimmy Carter), um liberal com John F. Kennedy, iniciador da guerra de agressão ao Vietnã, ou um ultradireitista apalermado como George W. Bush: todos, no final das contas, têm jogado o jogo.O tamanho da crise americanaAo mesmo tempo, erra quem enxerga os EUA como uma realidade chapada, sem classes nem luta de classes, sem contradições e conflitos, sem movimentos, sem história. Isso não passou de um sonho de Fukuyama, e foi um sonho do mais profundo reacionarismo.Neste novembro de 2008, os Estados Unidos da América são uma sociedade em crise profunda. Crise econômica antes de mais nada, a começar pelos subprime, passando pelas finanças e o crédito, e já plenamente instalada na produção (as vendas de automóveis em outubro somaram 850 mil, uma quebra de 31% em relação a 12 meses antes, e um número menor que o brasileiro). Mas não só.A crise é econômica mas também ideológica, como mostra a confissão de culpa de Alan Greenspan, o sumo-sacerdote do neoliberalismo aplicado, de que ''a filosofia'' em que ele acreditou a vida inteira ''não está funcionando''. É uma crise de hegemonia, comprovada pela torcida eleitoral no mundo inteiro (uma pesquisa na França apurou 78% de preferência por Obama e 1% por McCain). E, como atestam as urnas do 4 de Novembro, é uma crise política, sem precedentes pelo menos desde a dos anos 60, que produziu Luther King, a contracultura hippie e o movimento contra a guerra.A vitória de Obama seria inconcebível fora deste cenário crítico. É antes de mais nada a crise que explica esta eleição, disputada palmo a palmo, primeiro nas primárias, face à pretendente Hillary Clinton, candidata do ''main stream'' democrata, e a seguir contra John McCain, que começou a campanha posando de republicano liberal e terminou-a apelando para Sarah Palin e o mais visceral conservadorismo fundamentalista, em sua cruzada contra o ''socialista'' que quer ''redistribuir a riqueza''.O mapa dos resultados, ainda parcial, mostra que é um movimento concentrado nos grandes centros urbanos. Obama venceu em todos, enquanto os grotões da ''América profunda'' conservadora e fundamentalista, chamada ironicamente ''Jesusland'' (''Jesuslândia''), pendeu para McCain e, é claro, Sarah Palin.O movimento por mudanças veio para ficarO mérito notável de Barack Obama, pior (nos EUA) que negro, mestiço, senador em primeiro mandato e com apenas 48 anos (''Conforme seus votos no Congresso, o mais liberal, ou seja, 'à esquerda', dos senadores'', registra Patrick Jarreau, editorialista do jornal francês Le Monde), foi ter interpretado o enorme desejo de mudança derivado da crise. Sua palavra de ordem, ''Change, We Can Believe In'' (''Mudança, podemos acreditar'') pegou na veia da juventude, dos negros e latinos e por fim também da classe operária, inicialmente simpática a Hillary.Muitos se perguntam agora o que Obama, uma vez na Casa Branca, vai querer fazer de sua plataforma mudancista. Outros, mais perspicazes, indagam o que Obama vai poder fazer. As respostas dependem de múltiplas e intrincadas determinações. Porém entre elas convém destacar que o fenômeno Barack Obama surfou em um movimento de massas, anti-estabilishment, anti-Wall Street e anti-Washington, que a crise exacerbou ao paroxismo. Foi este movimento (e novamente o paralelo mais próximo é o dos anos 60) que fez 3 milhões de americanos (!) porem a mão no bolso para contribuir com a campanha. Foi ele que levou centenas de milhares de jovens e sindicalistas a trabalhar como militantes da candidatura. Foi ele que fez muitos negros da Virgínia esperarem durante sete horas para votar, muitas vezes pela primeira vez em sua existência, no candidato que por fim tocara seu coração.Qualquer que seja o desempenho da administração Barack Obama, este movimento veio para ficar. Ele cobrará do novo presidente cada ponto de sua plataforma e cada tirada de oratória. Ele já desconfia do sistema, e, eventualmente, se voltará contra ele. É uma peça fundamental, talvez a mais importante, da nova página que se abre na história dos EUA. McCain reconhece, seu público se indigna''O povo americano falou, e falou claramente'', reconheceu McCain diante de um público republicano, num hotel de Phoenix, após ligar para Obama e reconhecer a derrota. ''O senador Obama conseguiu algo extraordinário para si próprio e para o país. Eu o aplaudo por isso'', agregou o candidato derrotado.Ao fazer o discurso, McCain tentou em vão conter as vaias e gritos da platéia. Seus pedidos de ''por favor'' não lograram acabar com os gritos de que Obama vai elevar os impostos e expor os EUA a ataques terroristas, dois dos bordões da campanha republicana em sua desesperada reta final.Essa reação dá uma idéia do tamanho da perplexidade indignada que grassa na metade do país (a metade menor, mas de qualquer forma considerável) que votou na manutenção do status quo. Em grande parte ela simplesmente não tolera a idéia de ser governada durante quatro anos por um presidente com o perfil de Obama.O líder revolucionário cubano Fidel Castro, em sua última Reflexão, escrita na segunda-feira, aconselhou o agora presidente eleito a cuidar de sua segurança. Há motivos para se levar o conselho a sério. Em um país marcada pela tradição da violência (que o digam, entre outros, Abraham Lincoln, John F. Kennedy e o próprio Fidel, que já escapou de vários planos de assassinato made in USA), parece um bom conselho.Trator democrata no CapitólioNo Congresso Nacional os democratas fizeram barba e cabelo mas não bigode. Aparentemente – ainda há chance matemática de uma surpresa – os republicanos não ficaram privados das condições de praticar a obstrução, o que exigiria uma vantagem democrata de pelo menos 60 cadeiras no Senado. A diferença deve ficar em 55 cadeiras.Afora isso, foi um desastre republicano. O partido de George W.Bush, que já fora mal nas eleições legislativas de 2006, perdeu ainda mais terreno. No Senado, perderam ao menos cinco cadeiras, em New Hampshire, Carolina do Norte, Virgínia, Colorado e Novo México. Na Câmara, o recuo foi de no mínimo mis oito cadeiras. Paradoxalmente, a bancada republicana no Capitólio além de menor deve ficar mais conservadora. Ao perder terreno, o partido de Bush ficou reduzido ao seu núcleo duro ultraconservador, simbolizado na campanha pela vice de McCain, Sarah Palin.''Hoje o povo americano disse claramente que quer conduzir nosso país em uma nova direção'', disse a atual presidente da Câmara, Nancy Pelosi, democrata da Califórnia. A virada parlamentar foi ainda mais expandida que a presidencial, atingindo estados onde Obama não teve a maioria dos votos. Entre eles, Dakota do Norte e do SulUtah, Arkansas e até o Arizona, berço político de McCain. Nos distritos da fronteira com o México, a eleição de democratas de sobrenomes hispânicos assinalou a opção dos eleitores latino-americanos.

fonte:www.vermelho.org

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Se eu tivesse nascido na lua....

Não sei se é adequado postar isso aqui ou não, mas é algo que muito me incomoda, é provável que a maioria ache que estou errado, inclusive, já estou bem acostumado com isso, quando discuto com as pessoas sobre esse assunto sempre saio deprimido, muito irritado, e tristemente desiludido. Ainda assim insisto, enquanto tiver "saco" para isso, a não parar de discutir, o dialogo é fundamental na construção de uma sociedade mais justa. Um dos pontos que eu quero chegar é na depreciação do "ser nordestino",a idéia de que um ser humano pode ser melhor do que outro porque um nasceu em Santa Catarina e outro na Paraíba, é uma piada. É claro que nenhum sulista diria exatamente essas palavras, mas no fim o discurso deles são exatamente isso!!Então esse texto é sobre o preconceito com o nordestino? Não! É sobre "gente", sobre mim, sobre você, meu pai, minha irmã que ainda nem sequer tem 1 ano de vida, o mendigo da esquina, o dono do supermercado, o estudante de direito, enfim, trata-se apenas de "gente"!

Com isso vou aonde realmente quero chegar, será um sergipano melhor que um alagoano, ou um baiano melhor que um pernambucano? Não! Em minha opinião, assim como nenhum sulista é melhor que um nordestino, e nenhum americano é melhor do que um brasileiro, e, é claro, nenhum israelita é melhor do que um palestino, e vice-versa. Acho extremamente banal uma conversa em que o foco esteja na desmoralização de outro, simplesmente porque esse não nasceu no mesmo estado daqueles que estão a descriminá-lo, essa briguinha Bahia e Sergipe, quem mora em Sergipe sabe como é, trata-se apenas de ignorância. Ouço gente que tem cabeça, que entendem muito bem as coisas, gente que costumo ter conversas bem agradáveis, mas, que tem enraizado esse preconceito, que é o preconceito com o diferente. Tem essa conversa em Aracaju de que quando os baianos se mudam para Aracaju têm mania de criticar a cidade, sempre falando de como a Bahia é boa, essas coisas, entendo que se você conviver muito tempo com pessoas que fazem esse tipo de coisa é normal ficar bastante estressado com isso, só que deve haver outro meio de lidar com isso, que seja diferente de simplesmente revidar, passando a falar mal de baianos por isso ou aquilo. O que buscamos? Evolução, desenvolvimento intelectual, ou a adoração à ignorância? O triste é ver que a geração a qual eu pertenço já está pra lá de perdida, mas, aqui estamos nós...

sábado, 1 de novembro de 2008

A elite, como sempre, quer ''corte de gastos''

Os empresários seguem a risca o ditado de ''quem não chora não mama''. Diante da grave crise da economia capitalista, eles querem jogar seu ônus sobre as costas da sociedade, em especial dos trabalhadores. Durante o ciclo de bonança, abocanharam os lucros sozinhos. Agora, em tempos ruins, querem dividir os prejuízos ou, se puderem, aumentarem ainda mais seus lucros.

A caradura dos capitalistas, maiores responsáveis pela atual crise - com seus dogmas neoliberais do ''estado mínimo'' e da total desregulamentação financeira - é impressionante. Eles afundaram a economia e querem que os trabalhadores paguem o pato.

Nas últimas semanas, a mídia hegemônica alardeia a proposta do ''corte dos gastos públicos''. Os empresários são beneficiados com novas linhas de crédito e redução do compulsório que os bancos são obrigados a depositar no Banco Central, medidas que já injetaram bilhões nas empresas. Mas a burguesia exige mais: quer arrochar os servidores públicos, abortar a valorização do salário do mínimo, penalizar a Previdência e reduzir os ''gastos sociais'' do governo. Segundo Jorge Gerdau, o barão da siderurgia, este gastos ''são inúteis'', que deviam ser cortados para ''garantir mais crédito aos investimentos e às empresas''.

A proposta do ''corte dos gastos'' evidencia a ganância destrutiva dos capitalistas. Os adoradores do ''deus-mercado'', partidários da ''mão invisível (e cruel) do mercado'', não enxergam que a redução dos investimentos públicos - seja na Previdência, no salário mínimo ou no programa Bolsa Família - restringirá ainda mais o consumo da sociedade, com impacto negativo na produção e, de quebra, no emprego e renda. Um círculo vicioso, satânico, que dificultaria ainda mais a saída da atual crise econômica. Serviria apenas aos especuladores, os culpados pela crise.

A cegueira dos empresários, difundida pela mídia burguesa, é tamanha que eles não ouvem sequer os conselhos de renomados economistas e nem observam os movimentos inversos realizados até por outras nações capitalistas. Até nos EUA, pátria da desregulamentação, o governo apresentou pacote estimulando o consumo da sociedade e elevando os gastos públicos. Para o jornalista Paul Krugman, ganhador do Premio Nobel de Economia, ''no momento, aumentar os gastos públicos é a decisão acertada a ser tomada pelo governo dos EUA. Do contrário, a recessão será mais cruel e longa''.


fonte: http://www.vermelho.org.br/